Segunda-feira, 18 de Dezembro de 2006
Já aqui falamos dele como lançamento e é agora altura de retornarmos ao mais novo (e fantástico…) CD da cantora brasileira Virgínia Rosa http://www2.uol.com.br/virginiarosa/. Pautado todo ele por uma produção excelente, óptima escolha de reportório e uma cantora em muito boa forma vocal, “Samba a dois” mostra que é a dedicação e musicalidade que fazem um bom trabalho e que este disco ombreia facilmente alguns recentes lançamentos de grandes nomes da MPB lançados e gravados por multinacionais. O disco abre com “Samba a dois”, composição de Marcelo Camelo, uma óptima canção que consegue modernizar o som “clássico” do samba e que seduz à primeira audição! A lindíssima e densa “Madrugada” que entra direitinha para a lista de melhores canções do ano (e não, não estou a brincar…), é outro destaque deste CD. Mas temos muito mais neste belíssimo trabalho: “Vem não vem” de Orlando Morais é uma balada muito bonita onde sobressai o som da guitarra portuguesa e a voz segura, contida e emotiva da cantora, a incursão pelo clássico de Cartola “As rosas não falam” é revisto aqui numa versão tango que destaca ainda mais o vigor da musicalidade do tema, bravo! Outra grande surpresa é a muito bem conseguida “Ao crepúsculo” dos nossos Madredeus, numa leitura que nada fica a dever ao original, começa lentamente e depois evolui para um tema quase mid-tempo com uma percussão fantástica, “Amado samba” de Luísa Maita traz-nos os ritmos quentes de África e para finalizar entre muitos outros destaques temos “Sonho e saudade”, gravada para banda sonora do filme “Bens confiscados” e que nos mostra uma Virgínia iluminada no seu canto e acompanhada maravilhosamente pelo piano de Tito Madi num tema clássico e que mostra de uma vez por todas que a cantora merece chegar logo, logo, à primeira liga das melhores vozes brasileiras da actualidade. Que o disco chegue rapidamente a Portugal e que consagre também aqui uma carreira que há muito merece uma maior exposição. 8/10