
Diz o encarte deste CD que Chavela Vargas sempre quis gravar um disco acompanhada por instrumentos tradicionais mexicanos, quase como se ela própria devesse isso à cultura que sempre a inspirou e abraçou. “Cupaima” que chegou esta semana ao mercado nacional é um disco “assombroso”, assombroso no sentido em que é muito pouco provável que este ano oiçamos algum outro trabalho como este: mágico, poético, sofrido, quase como se estas canções conseguissem arrastar o universo com elas, com elas e com a voz dolente e única de Chavela que continua a transportar toda a tristeza e emoção como se ela própria fosse a transfiguração destes sentimentos. Gravado entre 2005 e 2006 (a cantora despediu-se dos palcos num já mítico concerto no México em Outubro de 2006) e acompanhado por um DVD de 105 minutos, “Cupaima” apresenta uma nova leitura da arte desta senhora com temas (pérolas é a palavra mais adequada…) como “La llorona”, “”Macorina”, “Soledad” ou “Piensa em mi”, canções aqui mais contidas de modo a que as (excelentes) novas orquestrações brilhem mas nunca sem perderem o vigor ou a força que Chavela sempre soube dar às histórias que canta. O encarte também nos “conta” como ao final de cada canção gravada, todos os presentes no estúdio choravam de emocionados que estavam e esse sentimento passa a cada audição deste disco: mágico, poético, belo e sofrido como a vida é e deve ser. Não vou avaliar este disco de 1 a 10 como habitualmente faço pois não estaria a ser justo, aliás nada do escrevi chega sequer perto ao que aqui se ouve, e isso continua nas mãos e sobretudo na voz desta grande e genial senhora. Imprescindível, absolutamente imprescindível!
O DVD traz-nos uma sentida entrevista com Chavela que nos fala da sua vida, música, amigos e o mundo que a rodeia, imagens da gravação do disco e vários depoimentos emocionados e emocionantes sobre a sua obra e pessoa.