Foto por João Miguel Rodrigues
Eugénia Melo e Castro, “Des Cons Tru Ções 2007- 25 anos de Terra de Mel”, CCB 16 de Junho de 2007
Existem concertos que nos marcam por variadas razões, o que Eugénia Melo e Castro apresentou sábado passado no Grande Auditório do CCB vai com certeza marcar a memória afectiva a muitos dos que estiveram presentes nessa noite memorável. Eugénia já não actuava em Portugal desde 1994 e valeu a pena a espera, “Des Cons Tru Ções 2007- 25 anos de Terra de Mel” é um espectáculo no mínimo surpreendente! Apresentado como comemoração dos 25 anos de lançamento do primeiro LP da cantora (“Terra de Mel”) e que sabiamente também serviu para apresentar as músicas do novíssimo “PoPortugal”, Eugénia apresentou um concerto riquíssimo a nível de arranjos musicais, uma banda com uma musicalidade e um timming fantásticos, um reportório sem falhas e principalmente um saber estar em palco que fez com que tudo parecesse uma enorme celebração (que também o foi). Eugénia cantou, cantou muito e bem! Com uma afinação e segurança que não a impediram de brincar com a plateia e músicos e contar histórias, muitas histórias… histórias da sua infância e de alguns momentos divertidos da sua carreira que deliciaram a plateia. Mas o mais importante desta noite foi a Música, Música com M maiúsculo e que na voz em estado de graça da cantora e “transportada” por um excelente leque de músicos (Eduardo Queiróz, Emílio Mendonça, Christiano Rocha, Renato Consorte, João Guilherme Figueiredo, Vítor e Daniel Alcântara) ofereceu a todos os presentes uma viagem inigualável: desde as brilhantes recriações de “Terra de Mel” e “A dança da lua” (com um travo de “I can´t get no satisfaction”, sim, dos Rolling Stones) ao jazz de “Olhos nos olhos” e "O sopro do coração", das poderosas “Paz” e “Paris 88” à emoção à flor da pele em “Coração imprevisto", da sentida interpretação de “Maninha” ao fado-canção que se viu transformada “Basta um dia” (com xaile e tudo…), da surpresa da “Construção” à lindíssima “Eu sou”, da magia que uniu “A banda” à “Romaria” e aquela que foi a melhor interpretação da noite numa genial e comovente “Imagem”. Eugénia Melo e Castro não cantava há 12 anos em Portugal mas é como se o tempo não tivesse passado por ela ou pela sua Arte. Bravo, bravo, bravo…10/10.