Depois do belíssimo “Aquarius” a meias com João Donato, chega a Portugal “Slow Music” da cantautora Joyce. Produzido pela própria e por Tutty Moreno, “Slow Music” é um daqueles discos cuja música vale por si mesma, sem pressas ou artifícios. Guitarra, piano, bateria e baixo guiam as melodias que entre belíssimos temas autorais ou versões inspiradas de grandes clássicos como “Medo de amar” (Vinicius de Moraes), “Amor, Amor” (Sueli Costa e Casaco) e “Samba do grande amor” (Chico Buarque) dão-nos um trabalho intemporal, clássico e de bom gosto. A descobrir com atenção, 8/10.
E aqui fica o primeiro vídeo do novo trabalho de Cristina Branco, "Não há só tangos em Paris":
Comemorando 30 anos de carreira discográfica Elba Ramalho lança “Marco Zero ao vivo”, cd gravado num espectáculo na cidade de Recife no Brasil. Geraldo Azevedo, Alcione, Lenine, Cezinha, André Rio e Zé Ramalho são os convidados desta enorme festa que nos traz alguns dos maiores sucessos da cantora como “De volta pró aconchego”, “Canta coração” ou “Chão de giz” mas que também revive temas menos imediatos como “Chorando e cantando” do excelente disco “Remexer” de 1986. Ainda com garra e vigor interpretativo Elba Ramalho coloca mais uma vez a sua música e arte no mapa da actual MPB. 7/10
Com o seu primeiro disco homónimo, Maria Gadú conquistou público e crítica e afirmou-se como uma das grandes revelações da MPB dos últimos anos. Canções como “Altar particular”, “Lounge” e principalmente "Shimbalaiê” marcaram 2009, e agora surge “Multishow ao vivo” que regista um concerto da cantora gravado em Julho desse mesmo ano em São Paulo. Acompanhada por uma competente banda, a cantora apresenta os inspirados temas do seu disco de estreia mas aventura-se também (e com sucesso) por duas canções associadas ao universo musical de Gal Costa: “Lanterna dos afogados” e “Trem das onze”. Fora da MPB temos ainda direito a uma inesperada versão de “Who knew”, sucesso na voz de Pink. Um disco com um charme muito especial, 8/10.
Chama-se “Sentinela” o primeiro avanço do cd “Impar” de Zélia Fonseca. Já há venda em Portugal:
Casa da Música, 17 de Fevereiro.
“Feito um peixe” o último trabalho de Cristina Braga foi o pretexto para a primeira vinda a Portugal da conhecida harpista e cantora brasileira. E se em disco a conjunção de música popular brasileira com harpa tem um charme e frescura únicas, em palco a “magia” é de uma dimensão ainda maior. Secundada por dois excelentes músicos (Ricardo Medeiros e Sílvio Franco), Cristina Braga espalhou simpatia, competência, humildade e principalmente uma musicalidade que transcendeu o palco 2 da Casa da Música no Porto. “Valsinha”, Manhã de Carnaval”, “Samba do avião”, “Águas de Março”, uma vibrante leitura de “Brasileirinho”, “O que tinha de ser”, “Preciso me encontrar” e “Peixe” foram apenas alguns dos temas que conquistaram a atenta plateia e que fizeram deste primeiro concerto de Cristina Braga em Portugal um momento muito especial. Que comece aqui o início de muitas vindas ao nosso país, os amantes de boa música agradecem.
Os Couple Coffee são um dos mais originais colectivos de música popular brasileira da actualidade, desde o primeiro trabalho “Puro” em 2005 até “Young and Lovely – 50 anos de Bossa Nova” de 2009, passando pelo iluminado tributo a Zeca Afonso em “Com’as tamanquinhas do Zeca” (2007) a música dos Couple Coffee nunca foi previsível ou sequer comparável ao que se foi ouvindo entretanto. “Quarto grão” é o tão aguardado disco de inéditas que faltava na discografia e o resultado é “apenas” o melhor trabalho do grupo. Tiago Torres da Silva, Luiz Tatti, Sérgio Godinho, JP Simões e José Peixoto contribuem para a magia deste disco que nos dá uma mão cheia de grandes canções, daquelas que se tornam instantaneamente clássicos e que poderão fazer com que a música dos Couple Coffee chegue finalmente a muitos mais ouvidos. 9/10
Cristina Braga apresenta o seu mais recente disco “Feito um peixe” dia 17 de Fevereiro na Casa da Música do Porto e no dia 18 no Onda Jazz em Lisboa.
Hard Club, Porto. 11 de Fevereiro
Com “Quarto grão” ainda fresco nos escaparates, os Couple Coffee vieram ao Porto para apresentar ao vivo este seu mais recente trabalho. Que “Quarto grão” é um grande disco ninguém tem dúvidas, mas é no palco que o quarteto mais brilha. Seja na voz luminosa de Luanda Cozetti ou na genialidade dos músicos (Norton Daiello, Sergio Zurawski e Ruca Rebordão), o som dos Couple Coffee mostra-nos uma MPB global, que vai da pop a Zeca Afonso, do rock ao samba (não esquecendo a bossa-nova) e nunca sem perder a forte identidade musical do colectivo. “Lero lero”, “Sambinha cliché”, “Os vampiros” e um brilhante “Comboio descendente” foram apenas alguns dos grandes momentos de um concerto que transformou o palco do Hard Club numa grande festa.
Mariza é actualmente uma das vozes nacionais mais conhecidas além fronteiras e o seu fado tem de facto levado Portugal aos 4 cantos do mundo. Agora regressa com “Fado tradicional” que fica já registado como o seu melhor trabalho. Resgatando alguns dos poetas e melodias que sempre a marcaram, a cantora dá-nos uma leitura muito própria da sua própria história no fado e consegue ser tão surpreendente como no disco de estreia - “Fado em mim” de 1991. “Promete, jura” (principalmente no emotivo dueto com Artur Batalha), “Mais uma lua”, “Ai, esta pena de mim”, “Desalma” e a lindíssima “ Meus olhos por alguém” são alguns dos destaques de um disco sincero, sensível e que nos traz uma Mariza como há muito tempo não ouvíamos, 8/10.