Coliseu do Porto, 29 Abril 2010
Foi perante um Coliseu do Porto esgotado que Ney Matogrosso apresentou o seu mais recente trabalho “Beijo bandido”. Acompanhado por um excelente quarteto, o cantor esbanjou charme, sensualidade e principalmente uma sensibilidade musical e interpretativa únicas num espectáculo deslumbrante. Destaque ainda para a iluminação e para as projecções que fizeram deste “Beijo bandido” uma experiência quase cinematográfica. “Tango para Tereza”, uma comovente “Fascinação”, “A cor do desejo”, a lindíssima “Medo de amar”, a poderosa “As ilhas” e já num dos encores “Tema de amor de Gabriela” foram só alguns dos grandes momentos de um concerto brilhante e inesquecível.
Patrícia Vasconcelos apresenta um novo espectáculo no Teatro S. Luiz em Lisboa nos dias 10 e 11 de Maio. Intitulado “'Let's do it, Let's Fall in Love” a cantora apresentará as canções do seu disco “Se o amor fosse só isso” e ainda temas de jazz, bossa-nova e música francesa onde o amor é a palavra de ordem.
Depois da exuberância pop-rock de “Inclassificáveis”, “Beijo bandido” é o novo e excelente disco de Ney Matogrosso. Próximo da estética musical de “Canto em qualquer canto” (2005), “Beijo bandido” é um grande disco de canções, canções essas valorizadas pela genial interpretação do cantor que aos 68 anos de idade continua com um vigor vocal impressionante. A escolha do reportório é outro dos trunfos deste cd que recorda Elis Regina em “Fascinação”, Vinicius de Moraes na obrigatória “Medo de amar” e Cazuza em “Mulher sem razão” (recentemente gravada também por Adriana Calcahotto). “À distância” de Roberto e Erasmo Carlos e a impressionante “As ilhas” (Astor Piazzola e Geraldo Carneiro) são outros dos destaques de um trabalho que é dos melhores da já longa carreira deste senhor. Obrigatório, 10/10.
Vinicius Cantuária regressa a Portugal e desta vez traz na bagagem o novo cd “Samba Carioca”. O concerto está marcado para o Teatro S. Luiz em Lisboa no dia 17 de Maio e contará com a participação de Mário laginha.
“Vinicius Cantuária, um dos mais importantes nomes da música brasileira contemporânea, tem um novo álbum de título Samba Carioca. E com novo álbum chega também a oportunidade de um novo encontro com o público. Pela sua privilegiada relação com o público português, a digressão mundial de Vinicius de apoio a Samba Carioca - que já tem passagens garantidas por diversos países, incluindo Inglaterra que o receberá no prestigiado Barbican – começará aqui no Teatro São Luiz, num concerto em que se fará acompanhar por Mário Laginha, em regime intimista e acústico. O encontro nada tem de fortuito: são admiradores mútuos.
Em Lisboa, Vinicius, com a sua voz e o seu violão, fará uma viagem pela carreira. Será, afinal, o reencontro com um país, uma história e uma forma de entender a música, e não apenas com um artista. E isto acontece num momento em que Vinicius apresenta a sua visão do samba. O novo álbum explora a variedade dessa grande música: «O samba é um país, uma imensidão, com várias tribos e raízes, tem samba do morro, samba dos brancos, chorinho, samba jazz e por ai vai», explica o músico e compositor que trabalhou no novo registo entre o Brasil e os Estados Unidos, recolhendo, tanto a sul como a norte, aliados importantes: as lendas vivas Marcos Valle ou João Donato, no Brasil, e os não menos importantes Bill Frisell ou Brad Mehldau, nos Estados Unidos.”
António Carlos de Brito, aliás Cacaso, foi um dos mais importantes poetas brasileiros com ligação à música. Edu Lobo, Djavan, Tom Jobim, Toquinho, Olívia Byington, Sueli Costa, Joyce, Toninho Horta, Francis Hime, Sivuca, João Donato ou Eduardo Gudin são só alguns dos nomes que colaboraram com Cacaso numa obra musical e poética de excelência. Rosa Emília foi casada com o poeta e dá-nos em “Álbum de retratos - Cacaso, Parceiros e Canções” uma sensível e excelente homenagem ao seu legado musical. Convidados de luxo como Olívia Byington, Joyce, Zé Renato e Sueli Costa valorizam ainda mais um disco em que música e poesia estão ao seu mais alto nível. “Triste baía da Guanabara”, a bonita “Clarão”, a delicada “Cavalo marinho”, a lindíssima “Eu te amo” e “Beira rio” são só algumas das pérolas de um disco apenas disponível em Portugal via importação, mas que merecia sem sombra de dúvida edição nacional. 10/10
Casa da Música, Porto 18 de Abril
Assistir a um concerto de António Zambujo é sempre um acontecimento único! Dono de uma voz quente e emotiva e de uma sensibilidade musical rara, o cantautor trouxe à Casa da Música as (grandes) canções do seu novo disco “Guia”. Sozinho em palco ou acompanhado por excelentes músicos, foi levantado o véu do recente trabalho com destaque para a lindíssima “Guia” e a divertida “Readers Digest”, visitou o cd anterior, “Outro sentido”, com a obrigatória “Amor de mel, amor de fel” e uma impressionante “Foi Deus” (quase a acapella), e com os Azeitona como convidados especiais, iluminou “Zorro” (também do novo disco) e “Anda comigo ver os aviões”. Uma grande, grande noite onde o fado andou de mão dada com a pop e a música popular brasileira numa viagem emotiva, surpreendente e de uma beleza única.
Trio vocal brasileiro radicado em França, o Trio Esperança é constituído pelas irmãs Eva, Mariza e Regina. “De Bach a Jobim” é o nome do mais recente trabalho das meninas que com bom gosto e uma afinação ímpar, nos dão bonitas leituras de temas incontornáveis do cancioneiro brasileiro como “Upa neguinho”, “Samba do avião”, “Romaria” ou “Joana francesa”. Mas temos mais surpresas neste disco como as inspiradas “Penny Lane” e “Blackbird” dos Beatles, e a junção de Bach com MPB em “Caminho da razão” e “A rosa”. Uma agradável surpresa, 7/10.
Lançado originalmente em 1959, chega agora ao mercado nacional a luxuosa edição em CD de um dos marcos da discografia de Luiz Bonfá - “O violão de Luiz Bonfá”. Baptizado como “Solo in Rio 1959” esta reedição traz-nos as 17 canções do LP original, 14 gravações inéditas de hinos como “Manhã de Carnaval”, “Samba de Orfeu”, “Sambolero” ou “Pedido de amor” e ainda um booklet de 32 páginas com informação detalhada sobre a vida e obra do músico e a importância deste trabalho na música popular brasileira. Considerado ainda hoje um dos maiores compositores e músicos brasileiros esta reedição é um item obrigatório para qualquer amante de boa música. 10/10
Chama-se Silvia Machete e o seu disco de estreia “Bomb of love, música safada para corações românticos” acaba de ser editado em Portugal. No final de Abril a cantora estará entre nós para uma série de concertos, a saber:
28 - Santiago Alquimista em Lisboa
29- Cine-Teatro de Estarreja
30- Casa da Música no Porto
02 de Maio- Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha
Aqui fica o vídeo para “Simplesmente mulher”:
Próximo da estética jazz do cd recentemente editado, “Penínsulas & Continentes” de Maria de Medeiros é um espectáculo quente e verdadeiramente notável. Logo no início, nota alta para a voz da cantora (que ao vivo tem uma dimensão que o disco não mostrou na totalidade) e ainda para a qualidade dos músicos que a acompanharam. “Muxima”, “La dolce vita”, a poderosa “Quem à janela” e a lindíssima “Velha Chica” foram só alguns dos grandes momentos de um concerto que nos trouxe ainda Legendary Tigerman como convidado especial na explosiva “These boots were made for walking". Mas a grande surpresa seria já num dos encores com uma impecável versão de "Should I stay or should I go" dos Clash. Maria de Medeiros não é “apenas” uma actriz que também canta mas uma verdadeira performer, e este concerto pois apenas uma pequena amostra do seu (grande) talento.