E a agenda de 2009 continua a crescer:
Eliane Elias vem a Portugal apresentar o excelente “Bossa Nova Stories” com dois concertos no Casino da Póvoa a 19 e 20 de Junho.
Vanessa da Mata actuará no Coliseu do Porto a 03 de Julho, no dia seguinte dividirá o palco com os Deolinda, Sara Tavares e os Bossa Nossa no Festival Delta Tejo.
Daniela Mercury regressa também a Portugal no dia 28 de Julho para actuar na ExpoFACIC em Cantanhede.
Gravado ao vivo no Jardim de Inverno do Teatro S. Luíz, “Boato” é o novo trabalho de JP Simões. Constituído por temas que percorrem toda a obra já produzida pelo cantautor (que vai desde os Belle Chase Hotel ao seu elogiado primeiro cd a solo “1970”, passando pela “Ópera do falhado” ao Quinteto Tati) este é um disco de grandes canções. Canções por vezes sarcásticas, por vezes emotivas, algumas vezes sensuais mas também divertidas qb. Acompanhado em palco por Sérgio Costa no piano e flauta merecem destaque a excelente “Lenda do homem pássaro”, a tocante “O menino negativo”, “Tango do antigamente”, a excelente interpretação de “Eu um dia hei-de ter poder”, uma competente versão de “Joana francesa” de Chico Buarque, um inspirado dueto com Luanda Cozetti em “Se por acaso” e o delicioso desvairo com Manuel João Vieira em “Epílogo: Canção do jovem cão”. Um disco que não é certamente para todos os ouvidos mas cuja audição atenta revela um trabalho coeso, único e de uma beleza rara. 7/10
Quem esperava um registo mais rock para o disco a solo de Marcelo Camelo (Los Hermanos) na certa vai ficar surpreendido com “Sou”, o cd de estreia do cantautor. Com um rigor poético impecável e excelentes composições, “Sou” é sobretudo um belíssimo disco de Música Popular brasileira, um grande disco de canções! A maior parte delas com melodias lentas e letras a incidir sobre o amor e a solidão, mas também algumas surpresas como o inspirado dueto com Mallu Magalhães em “Janta”, a animada “Copacabana”, a ciranda “Menina bordada” e o samba em “Vida doce”. Mas é nos temas mais lentos e tristes que Marcelo Camelo verdadeiramente surpreende e seduz como na beleza clássica de “Passeando” e “Saudade” (em duas versões distintas), na delicada "Santa chuva" ou na cool “Doce solidão”. Uma grande surpresa e um grande disco, 9/10.
Cristina Branco, Auditório de Espinho 17 Abril 2009
Cristina Branco há muito que dispensa apresentação, a sua música e talento são reconhecidos em Portugal e no estrangeiro, tem tido uma sucessão incrível de bons discos e os seus concertos são sempre uma experiência única! “Kronos” o mais recente cd teve a sua estreia nacional no Auditório de Espinho e foi como sempre um concerto memorável. Além das novas e excelentes composições como “Longe do sul”, “Trago um fado”, "Uma outra noite", “Margarida”, “O rapaz do trapézio voador” e a muito aplaudida “Bomba relógio”, a cantora ainda visitou o anterior “Abril” (dedicado ao cancioneiro de Zeca Afonso) com uma muito bonita leitura de “Redondo vocábulo” a piano e voz e ainda algum do reportório de Amália Rodrigues como “Formiga bossa nova”, “Maria Lisboa”, uma impressionante “Água e mel” e uma emotiva “Ai Maria”. Cristina Branco é seguramente uma das nossas melhores intérpretes, o que se viu e principalmente ouviu neste concerto foi uma perfeita comunhão entre arte e sentimento e um exemplo perfeito de uma cantora que transcende todos os géneros musicais e possíveis rótulos. Hoje é a vez do CCB em Lisboa receber o segundo concerto de “Kronos”. Imperdível!
Maria de Medeiros canta canções do Maio de 68 na programação da Casa da Música dedicada ao 25 de Abril. Dia 24 às 21:00 na Sala Suggia.
Segue o texto de apresentação do concerto:
“Maria de Medeiros canta canções do Maio de 68, o ano em que Berio compôs a Sinfonia para oito vozes e orquestra na qual inclui slogans emblemáticos da época eternizados em graffitis nas paredes de Paris, frases de Martin Luther King e referências musicais a obras musicais que marcaram a história da música, incluindo Gruppen de Stockhausen. O concerto sintetiza, assim, a programação do próprio Música e Revolução e abre a porta a obras e ideias que deram novos rumos à música e à sociedade.”
1ª parte
Maria de Medeiros
Stephan Sanseverino- direcção musical
Pascal Salmon- piano
Edmundo Carneiro- percussão
Contrabaixo- NN
Programa: Canções de Maio '68
2ª parte
Orquestra Nacional do Porto
Neue Vocalsolisten Stuttgart
Michael Zilm direcção musical
Programa:
Luciano Berio: Sinfonia, para oito vozes e orquestra (1968)
Chama-se “Matriz” o novo disco que junta Teresa Salgueiro aos Lusitânia Ensemble. Percorrendo quase toda a história musical portuguesa, encontramos aqui géneros tão diversos como o fado, o malhão, o corridinho, o folclore, trovas e até música popular. Tudo "envolvido" em autêntica música de câmara e interpretações claras e emotivas. Não estaríamos longe se disséssemos que Teresa Salgueiro tem aqui alguns dos melhores registos vocais da sua já longa carreira e do lirismo absoluto em “Puestos estan frente a frente” (alusiva a D. Sebastião e à batalha de Alcácer-Quibir), da vivacidade do “Vira da desfolhada”, do excelente “Malhão de Cinfães” (numa das melhores interpretações do disco), da quase acapella “Canção da roda”, do fado “Voltarei à minha terra (meditando)” (belíssima composição de Armandinho com letra de Tiago Torres da Silva), das bonitas leituras de “Com que voz” e “Foi Deus” a “Por este rio acima” de Fausto, temos aqui um dos mais ricos e surpreendentes discos de música portuguesa dos últimos anos. O disco está disponível também numa edição especial com uma galeria de fotografias, os vídeoclips de “Voltarei à minha terra (meditando)”, “Jus a lo mar e lo rio” e “Por este rio acima” e ainda um vídeo com uma apresentação deste projecto. 10/10
A não perder dia 22 de Abril no grande auditório da Culturgest em Lisboa, uma das nossas melhores fadistas e também vencedora do Prémio Amália 2009 na categoria poesia - Aldina Duarte. Oportunidade para ouvir ao vivo o último cd “Mulheres ao espelho” e os anteriores (e também magníficos) “Apenas o amor” e “Crua”.