Sábado, 31 de Março de 2007
Disponível em Portugal pelo Círculo de leitores e também nas lojas Fnac, o cd “António Carlos Jobim in concert” é um daqueles discos (quase) perfeitos. Gravado ao vivo em Los Angeles em 1987 e transformado posteriormente em especial de televisão, este registo foi lançado em DVD (por enquanto só no Brasi) pela Movieplay em 2006.
Acompanhado pela Banda Nova e tendo como convidada especial Gal Costa, Tom apresenta algumas das suas maiores composições num registo ao vivo imaculado, vibrante, tocante e claro, com a qualidade harmónica a que o maestro nos foi habituando ao longo da sua obra. Destaques para as 3 interpretações primorosas de Gal Costa: a iluminar “Dindi” acompanhada apenas por Tom ao Piano, “Wave” em inglês e com a participação da Banda Nova e na lindíssima “Corcovado” a finalizar em grande o concerto. “Samba do avião” é outra surpresa com Danilo Caymmi numa interpretação marcante e a excelente “Samba do Soho” (até então inédita) cantada por Paulo Jobim é uma canção no mínimo genial. Depois, claro, temos Tom a iluminar as suas próprias e grandes composições como “Água de beber”, “Desafinado”, “Chega de saudade”, “Águas de Março” e muitos outros clássicos da Música Popular Brasileira, tudo pontuado por uns arranjos absolutamente maravilhosos do próprio Tom e Jacques Morelembaum. Apenas não leva um 10 por ter ficado de fora a surpreendente “Gabriela”, disponível no DVD, com a participação de Gal e Tom num “casamento”, digamos perfeito…
Imprescindível, 9/10.
Sexta-feira, 30 de Março de 2007
Se o álbum “João” (a ser editado a 16 de Abril) for apenas “metade” do que foi o espectáculo a que acabei de assistir já estaremos presente a um dos grandes discos nacionais de 2007! E digo metade, pois dificilmente será possível recriar em estúdio uma parte da magia a que assisti esta noite.
Bonito, genial, emotivo, musical, sensível, forte, enfim não há adjectivos suficientes que descrevam o que se viveu no Auditório Municipal de Gaia com o arranque do “Jazz in Gaia” que ficou a cargo desta senhora. Senhora? Talvez menina seja a melhor maneira de descrever Maria João, uma menina com uma senhora voz…e que voz…A cantora brincou com o público e músicos, contou-nos histórias deste disco, da sua paixão pela música popular brasileira, da surpresa e “solidão” ao ver o seu nome a solo no cartaz deste espectáculo, contou histórias sobre a sua vida e da dos músicos que a acompanham, enfim, fez-nos rir, aplaudir, emocionar, até cantar os “Parabéns a você” a Eleonor Picas a harpista que esta noite completava 31 primaveras (parabéns!) e no meio disto tudo ainda “arranjou” tempo e cantou (ou melhor encantou) para um público rendido em quase duas horas de um concerto sem falhas, verdadeiramente sem falhas.
Destaques? Muitos e bons…a começar por uma sussurrante e emotiva “Paz” (séria candidata desde já a melhor canção nacional do ano), a poderosa “Partido alto” de Chico Buarque, a genial leitura de “Canto de Ossanha” de Baden Powell e Vinicius de Moraes, a lindíssima interpretação (a duas violas) de “Retrato a branco e preto”, trouxe o samba na voz e atitude em “No tabuleiro da baiana” de Ary Barroso e “transfigurou-se” em Elza Soares na arrepiante “Dor de cotovelo” de Caetano Veloso. Tudo sem alguma vez soar desajustada do próprio universo musical destas canções! Cantou em português de Portugal e português do Brasil que como Gilberto Gil tão bem disse “é tudo a mesma língua”.
Bem, parece-me que a 20 de Abril estarei no Theatro Circo de Braga para a segunda data da digressão nacional deste espectáculo…
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Quarta-feira, 28 de Março de 2007
No próximo sábado, dia 31 de Março pelas 21h30, Dulce Pontes sobe ao palco da Nave Polivalente de Espinho num concerto que reverte a favor da Federação do Folclore Português. Os bilhetes têm preço único de dez euros e estão disponíveis nos postos de correio de todo o país. Entretanto, a partir de dia 20 de Abril, Dulce Pontes inicia uma digressão pelos EUA com 11 datas já confirmadas. A nossa música mais uma vez a ouvir-se lá fora pela voz de uma das nossas maiores embaixadoras!
Depois de ter sido mamã de uma linda menina, Rita Guerra volta aos palcos nacionais com um concerto já agendado para o Centro Cultural Olga Cadaval em Sintra no dia 24 de Abril pelas 21h30. Os bilhetes custam 15 e 20 euros e já estão à venda nos sítios habituais. A não perder o regresso ao panorama musical de uma das nossas melhores vozes!
Terça-feira, 27 de Março de 2007
O título desta resenha foi retirado de uma popular revista brasileira onde Ana Carolina assumiu publicamente a sua orientação sexual! Depois de rios e rios de conversa ao torno desta frase (polémica? nem por isso…) e daí?
Pois bem, desde aí, Ana Carolina colocou um disco novo no mercado: o duplo “Dois quartos” que veio suceder ao bem sucedido “Estampado” de 2003. Recebido friamente por parte da crítica especializada e pasme-se, por alguns dos fãs da cantora, “Dois quartos” não é a obra de arte que muitos esperavam mas também não é tão mau como tantos outros o pintam. É certo que em 24 temas muitos deles eram dispensáveis e Ana Carolina podia ter feito um só (e excelente) disco, mas também verdade seja dita, até esses momentos “dispensáveis” quando comparados com muitas das canções que hoje em dia alcançam sucesso popular e radiofónico são excelentes canções e na certa todos dormiríamos mais descansados se toda a música brasileira que faz sucesso em Portugal estivesse ao nível do “pior” de Ana Carolina. Mas vamos ao melhor deste(s) disco(s): “Nada te faltará” é no mínimo poderosa- letra cortante e uma instrumentação ora apoiada num excelente arranjo de cordas ora num tom mais acústico, ora num tom mais eléctrico, “Tolerância” é uma bela canção POP e podia facilmente ter saído do cd anterior “Estampado”, “Ruas de Outono” que conheceu recentemente versão por Gal Costa, é uma bonita balada cuja simplicidade (mesmo no canto contido da cantora) ganha pontos à medida que a canção vai crescendo nos nossos ouvidos, “Rosas” escolhida como primeiro single cumpre o objectivo de canção orelhuda e claro a ambiguidade da letra dá um toque especial ao tema, “O Cristo de madeira” (um dos melhores temas deste disco) conta a história de um assassino num fundo sonoro forte e arrepiante, destaque ainda para a interpretação marcante de Ana Carolina num tema nada fácil e sufocante! Mas este disco também fala de sexo, e fala de uma maneira que só mesmo Ana Carolina o podia fazer sem soar falsa ou forçada: “Eu comi a Madonna”(em 2 versões) excelente registo pop surpreende pelo tom leve e divertido, “Cantinho” tema apoiado só num baixo (não há aqui espaço para outros instrumentos) tem uma letra que reza assim:
“Me levou pra um cantinho e disse, morde
Quando dei por mim pensei: Que sorte!
Disse: Tudo bem, tudo é natural
Olhou bem nos meus olhos
Chupou o meu pau”
Bravo Ana Carolina, bravo!
Mas há muito mais neste disco que vale a pena ouvir com atenção como o lindíssimo instrumental "Sen.ti.mentos", o tango "Manhã", "Eu não paro" e aquela que é para mim a melhor (e mais sincera, quiçá divertida) canção deste trabalho "Homens e mulheres", tema POP com laivos de tango e com uma interpretação fortíssima e expressiva. Como resumo "Dois quartos" vale sobretudo pela homogeneidade e também pelo talento nato de Ana Carolina que (perdoem-me a expressão...) continua a ter os "tomates" no sítio, muito mais que certos homens que conheço.
E aqui fica a letra de "Homens e mulheres" :
“E eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Homens que dançam tango
Mulheres que acordam cedo
Homens que guardam as datas
Mulheres que não sentem medo
Homens de toda idade
Mulheres, até as genéricas
Homens que são de verdade
Mulheres de toda a América
E eu gosto de homens e de mulheres
E você o que prefere?
E você o que prefere?
Homens no sinal verde
Mulheres de batom vermelho
Homens que caem na rede
Mulheres que são meu espelho
Mulheres na guitarra
Homens de corpo e mente sã
Homens vestindo sobretudo
Mulheres, melhor sem sutiã
Homens que enrolam serpente
Mulheres que vão na frente
Homens de amar tão de repente
Mulheres de amar pra sempre
E eu gosto de homens e de mulheres
E você, o que prefere?
E você, o que prefere?”
Quem canta assim, não é gago de certeza…7/10.
Domingo, 25 de Março de 2007
Maria João apresenta dia 29 no Auditório Municipal de Gaia (e em estreia nacional) os temas do aguardado “João”, o seu próximo disco que será totalmente dedicado ao cancioneiro da Música Popular Brasileira.
Lá estarei e depois conto tudo…
Para quem não conseguir estar presente, dia 20 de Abril no Theatro Circo em Braga a cantora continua a apresentação deste disco. Segue a agenda já confirmada:
29/03 Vila Nova de Gaia, Concerto “João” – Douro n’ Jazz Auditório Municipal. 22h00
20/04 Braga, Concerto Apresentação oficial do novo álbum “João” - Theatro Circo. 21h30
04/05 Leiria, Concerto Apresentação do álbum “João” - Teatro José Lúcio da Silva. 21h30
11/05 Lisboa, Concerto Apresentação do álbum “João” Festa do Jazz – S. Luiz Teatro Municipal - 23h00
26/05 Portalegre, Concerto Apresentação do álbum “João” - Centro de Artes e Espectáculos. 21h30
23 de Abril é a data prevista para o lançamento de “Sempre”, o novo trabalho de Lena d´Água! Gravado ao vivo no Hot Club em Dezembro de 2006, “Sempre” tem já o alinhamento definido:
1. No fundo dos teus olhos de água
(Luís Pedro Fonseca, 1982)
2. Labirinto
(Luís Pedro Fonseca, 1981)
3. Eu não me entendo
(José Luis Gordo /José Mário Branco, 1998)
4. Eternamente tu
(Jorge Palma, 1989)
5. Mariazinha
(José Mário Branco, 1971)
6. Quando vem do amor
(Ronaldo Bastos/Luís Pedro Fonseca, 1984)
7. A noite passada
(Sérgio Godinho, 1972)
8. A culpa é da vontade
(António Variações, 1984)
9. Estou além
(António Variações, 1983)
10. Sempre que o amor me quiser
(Luís Pedro Fonseca, 1984)
Para mais novidades visite o (mui recomendado) blog da cantora em: http://lenadagua.blogspot.com/
Sábado, 24 de Março de 2007
Mais um (muito esperado) regresso a assinalar este ano: Tori Amos lança dia 1 de Maio o seu novo disco: “American Doll Posse”.
Segue o alinhamento:
Yo George
Big Wheel
Bouncing off Clouds
Teenage Hustling
Digital Ghost
You Can Bring Your Dog
Mr. Bad Man
Fat Slut
Girl Disappearing
Secret Spell
Devils and Gods
Body and Soul
Father`s Son
Programmable Soda
Code Red
Roosterspur Bridge
Beauty of Speed
Almost Rosey
Velvet Revolution
Dark Side of the Sun
Posse Bonus
Smokey Joe
Dragon
Sexta-feira, 23 de Março de 2007
E 2007 parece ser mesmo o ano em que Portugal canta o Brasil! Depois dos lançamentos confirmados dos discos de Maria João e Maria de Medeiros dedicados à MPB, agora é a vez de Teresa Salgueiro colocar no mercado “Você e eu”, trabalho também focado na música do “País Irmão”. Além do tema título da autoria de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, a voz dos Madredeus apresenta neste seu segundo CD a solo temas como “A banda” (Chico Buarque), “Modinha” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Estrada do sol” (Tom e Dolores Duran), “Pra machucar meu coração (Ary Barroso), “Triste” (Tom Jobim), “Samba de Orfeu” (Luiz Bonfá e António Maria) e “Valsinha” (Buarque e Vinicius) entre muitas outras canções. O lançamento está previsto para Abril.
Quinta-feira, 22 de Março de 2007
Lançado recentemente em Portugal “De uns tempos pra cá” de Chico César (crítica aqui no blog, no histórico de dia 18 de Janeiro…), revelou-se um dos mais iluminados discos do "cantautor" e mais uma vez comprovou que Chico César continua a ser um dos mais talentosos músicos do actual cenário musical brasileiro.
Apoiado na digressão (que também passou por cá) de suporte a esse trabalho é agora editado o 1º DVD de Chico César – “Cantos e Encontros de Uns Tempos Pra Cá”. Segue o press release do DVD, por Sidimir Sanches:
“O mais novo disco de Chico César, De Uns Tempos Pra Cá, lançado em Novembro do ano passado, com a participação do Quinteto da Paraíba, possuía uma musicalidade, uma essência ao mesmo tempo camerística e agreste. Universal, mas repleto de referências regionais específicas. A chave para se entender o resultado integrado e orgânico que o disco e sua transposição para os palcos perpassam talvez esteja nas afinidades estéticas entre ambos:
“O entendimento entre a gente deu a liga. Tanto eu, quanto os músicos do Quinteto da Paraíba somos feitos da mesma ‘carne’, mesmas alegrias e dores. Bebemos na música de Bach e Piazzola, na dor dos negros africanos e dos índios latino-americanos”, resume Chico.
O show De Uns Tempos pra Cá, como um desdobramento natural do disco, mantém a proposta, mas de forma mais completa. Ele dialoga com a obra de forma mais abrangente, inclusive com aquilo que está sendo feito naquele momento. É volátil, pois vai adquirindo e incorporando, naturalmente, novos elementos. Este processo se mostra evidente no DVD Cantos e Encontros de Uns Tempos Pra Cá, lançado agora pela Biscoito Fino.
Com direcção musical do próprio Chico César, o espectáculo, com ares e sonoridade muito próximos de um recital camerístico, conta com a participação de Simone Soul (percuteria e voz), Simone Julian (flautas e voz), além dos músicos do Quinteto da Paraíba: Yerko Tabilo e Ronedik Dantas (violinos); Samuel Espinoza (viola); Raiff Dantas Barreto (violoncelo) e Xisto Medeiros (baixo acústico, baixo elétrico, zabumbaixo e voz). Com um trabalho reconhecido mundialmente, o Quinteto se dedicava inicialmente à música erudita e, com o tempo, passou a se dedicar à música nordestina, levando às últimas consequências aquilo a que Ariano Suassuna denominava Arte Armorial (que propõe uma viagem que integre as culturas brasileiras e internacionais).
As referências primordiais da arte de Chico César aparecem bem delineadas no DVD. A musicalidade talhada na terra natal, Catolé do Rocha, na Paraíba, interage com as várias outras referências que compõem a música de Chico, compondo um conjunto coeso na temática e na forma. O show abre com a desolada Desejo e Necessidade (Chico César), com enxerto poético de Cantáteis- Cantos Elegíacos de Amozade; seguida por Moer Cana (Chico César), do disco De Uns Tempos Pra Cá, e Outono Aqui- Atumn Leaves- Lês Feuilles Mortes (Joseph Kosma/ Jacques Prevert/Jonny Mercer). Do disco, estão presentes também Alcaçus, Utopia, Orangotanga, Por Causa de Um Ingresso do Festival Matou Roqueira de 15 Anos (com participação de Elba Ramalho), além da faixa título, todas de Chico César, com exceção da releitura de Cálice (Chico Buarque/Gilberto Gil). Elba canta ainda Pros Impúrpura do Caicó (Chico César) - num medley com Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira). Os grandes sucessos de Chico também estão presentes, casos de À Primeira Vista, Pensar em Você (ambas gravadas por Daniela Mercury), Pedra de Responsa (parceria com Zeca Baleiro), Templo (com Tatá Fernandes e Milton Di Biase), além da indefectível Mama África.
Nos extras, cenas de Chico no estúdio da Biscoito Fino com Maria Bethânia- cantando A Força que Nunca Seca e Onde Estará o Meu Amor, músicas do compositor gravadas pela cantora , Ana Carolina- Mulher eu Sei (Chico César) e Mais que Isso (parceria de Ana e Chico), além de Chico Pinheiro- tocando 1 Valsa P/ 3 (parceria de ambos); a participação de Vange Miliet no show cantando Teshoku (Chico César), com citações de It´s Long Way (Caetano Veloso) e Sodade Meu Bem, Sodade ( Zé do Norte ); um clipe da música De Uns Tempos Pra Cá; além de um documentário sobre o show. A direção do DVD é de Douglas Costa Kuruhma, que já trabalhou com bandas como White Stripes, Jamiroquai e U2.”
Já disponível numa loja perto de si…